Camilo Castelo Branco
Fernando Pessoa
José Saramago
Sttau Monteiro
Outros
Fernando Pessoa

 

XXXIX

 

O MISTÉRIO DAS COISAS, ONDE ESTÁ ELE?


O mistério das coisas, onde está ele?
Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
Que sabe o rio e que sabe a árvore
E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempre que olho para as coisas e penso no que os
[homens pensam delas,
Rio como um regato que soa fresco numa pedra.

Porque o único sentido oculto das coisas
É elas não terem sentido oculto nenhum,
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as coisas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.
 

 

"O Guardador de Rebanhos". In Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1946 (10ª ed. 1993. 1ª publ. in Athena, nº 4. Lisboa: Jan. 1925)

 

 

Ver aqui comentário orientado ao poema

 

 

Voltar

 

© Joaquim Matias  2008