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FUGA DA FAMÍLIA REAL PARA O BRASIL

 

 

Embarque da família real para o Brasil.

Aguarela de Roque Gameiro representando o embarque da família real para o Brasil, aquando das invasões francesas.

 

 

 A corte portuguesa retirou-se para o Brasil quando se deu a primeira invasão francesa, pouco antes de Junot ter entrado com o seu exército na capital. O governo português dera ordens para os franceses serem bem recebidos e em paz, e para que ninguém tivesse a veleidade de se opor ao invasor, pois Napoleão Bonaparte, o imperador de França, era considerado invencível. O embarque deu-se em finais de Novembro de 1807 e a corte chegou ao Brasil em inícios de 1808. Os lisboetas quase despovoaram a capital ao embarcarem nos barcos ancorados no Tejo. Calcula-se que alguns milhares de pessoas, incluindo a família real, boa parte da nobreza, quadros do aparelho de Estado e criadagem rumaram às terras de Vera Cruz, levando consigo muitas riquezas móveis.

 

 

Com a corte ausente no Brasil, foram transferidos para o outro lado do Atlântico os órgãos da administração central, e a nova capital portuguesa passou a ser o Rio de Janeiro. A política do pacto colonial estava ultrapassada. O Brasil, que durante o século XVIII  fora para Portugal uma grande fonte de ouro, continuava a pesar poderosamente na economia da Nação no século XIX apresentando-se como a nossa mais rendosa colónia e o principal mercado para os nossos produtos, pois Portugal, como metrópole, tinha o exclusivo do seu abastecimento. Mas logo que o príncipe-regente D. João chegou ao Brasil decretou a abertura dos portos brasileiros ao comércio das nações (decreto de 28 de Janeiro de1808), movido pelas necessidades da colónia e pelas pressões da Inglaterra. E assim terminava o exclusivo da navegação para a marinha nacional e o comércio português ficava colocado em pé de igualdade com o de outras nações, se exceptuarmos o caso de algumas mercadorias que constituíam monopólio.

 

O país que mais beneficiou com este acto do governo foi a Inglaterra, que era já um parceiro privilegiado, ao passo que o comércio português decaiu, baixando quer as exportações, quer as importações. O decreto de D. João seria posteriormente confirmado pelo tratado anglo-luso de 1810, que pôs fim ao estatuto colonial do Brasil.

 

Com o decorrer do tempo, as antigas limitações e obrigações para com a metrópole foram caindo, e o Brasil foi-se modernizando. De entre os actos que mais contribuíram para essa modernização contam-se a abertura de estradas, a melhoria dos transportes e das comunicações postais, o aparecimento de estaleiros navais, a criação de novas indústrias locais (fundição de ferro, fábricas de pólvora, polimento de diamantes), a inauguração de tribunais e companhias de seguros, a introdução de um novo sistema fiscal, bem como a instituição de Juntas - a Junta do Comércio, Agricultura e Navegação (1808) e a Junta de Fazenda -, a Casa da Moeda e o primeiro banco de todo o Império português, o Banco do Brasil (1808).

 

Quando, em 1815, o Brasil foi elevado à categoria de Reino o processo que conduziria à sua independência tornara-se irreversível.

Várias medidas foram incrementadas também no domínio da educação e da cultura: permitiu-se a publicação de jornais, fundou-se uma imprensa régia, abriram-se vários estabelecimentos de ensino superior, sobretudo academias, como a Academia de Belas Artes e a Academia de Marinha, Artilharia e Fortificações, abriu-se uma biblioteca nacional, criou-se um teatro nacional, um museu, um jardim botânico e um arquivo militar.

Joaquim Matias da Silva

 

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