Rei de Portugal, filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre, D. Duarte,
nascido em Viseu, fez parte da notável descendência de D. João I, que ficou
conhecida como a Ínclita Geração.
Desde 1412, seu pai associou-o à governação, integrando-o na expedição e
conquista de Ceuta (1415), onde foi armado cavaleiro por D. João I, na mesquita
local, então transformada em templo cristão.
Em 1428 casou com D. Leonor de Aragão, filha de D. Fernando I, rei de Aragão e
Sicília, visando este consórcio estreitar a aliança entre as duas casas
reinantes, que procuravam defender-se da ameaça exercida por Castela.
D. Duarte ascendeu ao
trono em Agosto de 1433, porém, o seu reinado seria
curto (cinco anos e um mês) e amargurado pelo desastre de Tânger
(1437), pelo martírio de seu
irmão D. Fernando, que aí ficou refém como penhor da entrega de Ceuta, e
pela peste que então devassou todo o reino.
Não foi um rei muito virado para a acção política prática, nem para as
guerras, preferindo sobretudo o campo da administração régia. Dentro desse
espírito, promulgou a Lei Mental, com vista a fortalecer a riqueza do Estado,
revertendo então muitos bens a favor da Coroa. Do seu reinado subsiste também um
intenso labor diplomático, numa vontade clara de assegurar a efectiva
independência portuguesa, e a convocação de quatro ou cinco cortes, com o
intuito de reformar a administração pública.
Prosseguiu no seu reinado a expansão ultramarina na costa africana, de que se
descobriram mais cem léguas. Em 1434, Gil Eanes dobrou o cabo Bojador,
prosseguindo depois a expansão até à região do rio do Ouro.
D. Duarte foi um monarca culto e filósofo, pensador erudito com forte gosto
pelas letras. As suas obras Leal Conselheiro e Arte de Bem Cavalgar Toda Sela,
manual de equitação e primeiro deste género a ser publicado na Europa, revelam
de um modo claro a sua formação e cultura.
Morreu em Tomar, jazendo no mosteiro da Batalha, e deixou como herdeiro o
príncipe D. Afonso, de apenas seis anos de idade.
(in História Universal de Portugal, Texto Editora)