Camilo Castelo Branco
Fernando Pessoa
José Saramago
Sttau Monteiro
Outros
Fernando Pessoa

 

UNS, COM OS OLHOS POSTOS NO PASSADO

(28 - 08 - 1933)

Uns, com os olhos postos no passado,
Vêem o que não vêem; outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro, vêem
O que não pode ver-se.

Porque tão longe ir pôr o que está perto –
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este o momento, isto
E quem somos, e é tudo.

Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto[1]
Em que vivemos, morreremos. Colhe
O dia, porque és ele.

Odes de Ricardo Reis. Fernando Pessoa. (Notas de João Gaspar Simões e

Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946 (imp.1994).

 


[1] hausto: sorvo, aspiração (neste contexto, metáfora de valor temporal).

 

Comentário ao poema

 

Voltar

                                               Início da página

 

© Joaquim Matias  2009

 

 

 

 Páginas visitadas