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UNS, COM
OS OLHOS POSTOS NO PASSADO
(28 - 08 -
1933)
Uns, com os olhos postos no passado,
Vêem o que não vêem; outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro, vêem
O que não pode ver-se.
Porque tão longe ir pôr o que está perto –
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este o momento, isto
E quem somos, e é tudo.
Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto[1]
Em que vivemos, morreremos. Colhe
O dia, porque és ele.
Odes de Ricardo Reis. Fernando Pessoa. (Notas de João
Gaspar Simões e
Luiz de
Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946 (imp.1994).
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