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CADMO

 

Filho de Agenor, rei fenício, Cadmo recebeu de seu pai a incumbência de procurar a sua irmã Europa que tinha sido raptada por Zeus, metamorfoseado em touro. Quer ele quer os irmãos não deveriam regressar ao reino enquanto não a encontrassem.

 

Cadmo, em vez de procurar encontrar Europa um pouco ao acaso resolveu, muito acertadamente, deslocar-se a Delfos e consultar o oráculo de Apolo sobre o assunto. O deus aconselhou-o a não se preocupar com a ordem recebida de seu pai; devia, antes, tratar de fundar uma cidade. Para isso teria de seguir uma bezerrinha que encontraria à saída de Delfos e que tinha sobre os flancos um disco parecido com o da Lua.

O local onde ela parasse para descansar seria o local exacto onde se ergueria a nova cidade de Tebas. À região circunvizinha seria dado o nome de Beócia, a terra da bezerra.

Europa e o Touro, de Gustave Moreau. 1869.

 

Como agradecimento pelos favores divinos, Cadmo quis sacrificar a bezerrinha e enviou os seus companheiros a buscar água a uma fonte. Essa fonte, porém, estava guardada por um dragão, um monstro horrível que devorou, de imediato, alguns desses homens. Cadmo, então, matou o dragão. Depois, seguindo os conselhos de Atena, lançou à terra os dentes do monstro, sem pensar, contudo, nas consequências desse acto. É que, para grande terror seu, viu nascer dos sulcos homens armados que se matavam uns aos outros! … Só restaram cinco, que Cadmo facilmente convenceu a auxiliarem-no na construção da nova cidade.

 

Harmonia, com quem se casou CADMO.

Cadmo fez de Tebas uma cidade gloriosa, governando-a com grande sabedoria e levando-a a alcançar grande prosperidade.

 

Heródoto diz que foi ele o introdutor do alfabeto na Grécia.

Cadmo casou-se com Harmonia, a filha de Ares e de Afrodite. Os deuses honraram o seu casamento com a sua presença e Afrodite ofereceu mesmo a Harmonia um colar maravilhoso, feito por Hefesto, o artífice do Olimpo.

Tiveram vários filhos, mas, através deles, tomaram consciência de que os favores dos deuses não caem na mesma direcção durante muito tempo.

Com efeito, todas as sua filhas sofreram grande infortúnios. Vejamos, em resumo, as suas histórias, eivadas de tragicidade:

 

- Uma delas foi Sémele, mãe de Dioniso (Baco, para os romanos), que morreu fulminada pelo esplendor glorioso de Zeus;

 

- Outra foi Ino, a perversa madrasta de Frixo, o rapaz salvo da morte pelo cordeiro do Velo de Oiro. O marido de Ino enlouqueceu e assassinou o filho de ambos, Melicerta. Desesperada, Ino, com o corpo dele nos braços, atirou-se ao mar. Os deuses, no entanto, salvaram-nos – ela foi transformada numa deusa do mar, aquela que veio a salvar Odisseu de morrer afogado, quando a sua embarcação se despedaçou; o filho, em deus marinho. Na Odisseia, ainda é apelidada de Ino; posteriormente, passou a ser designada por Leucótea e o seu filho por Palémon.

- Agave, por seu lado, foi a mais desgraçada de todas as mães – induzida pelo louco Dioniso a pensar que o filho, Penteu, era um leão, matou-o com as próprias mãos;

- Finalmente, Autónoe viu o seu filho Actéon ser transformado em veado por Diana e logo devorado pelos cães que o acompanhavam – segundo uns, por ter surpreendido a deusa no banho; segundo outros, por se gabar de a superar na caça.

 

Mas de toda essa raça desafortunada, não houve ninguém que fosse tão inocente e que tivesse sofrido mais que Édipo, o trineto de Cadmo.

Depois da morte de Penteu, deixaram Tebas, numa tentativa de fugir ao infortúnio. Mas a desgraça perseguia-os, até que à chegada à remota Ilíria os deuses transformaram-nos em serpentes e admitiram-nos nos campos Elísios.

 

Publicado por

Joaquim Matias da Silva

 

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© Joaquim Matias  2008

 

 

 

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