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OS MAIAS
- Personagens
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PERSONAGENS-TIPO -
Na vasta galeria de personagens de Os Maias
são muitas aquelas que merecem um destaque
particular, porque caracterizadoras de uma sociedade
burguesa lisboeta dos finais do século XIX, nas suas
mais variadas vertentes:
Sousa Neto
> Repre-sentante da Administração Pública e burocrata
típico, era oficial superior da Instrução Pública.
Palma Cavalão
> Director da "Corneta do Diabo", é o representante do
jornalismo torpe, corrupto, ao sabor das conveniências. |
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Neves
> Director do jornal "A Tarde", também ele é símbolo do
jornalismo político e parcial. Com tão insignes
atributos, só podia ser deputado e político...
Taveira
> Era empregado no Tribunal de Contas, "...onde
se fazia um bocado de tudo para matar o tempo... até
contas"!...
Steinbroken
> Representante da Diplomacia, procura ser zeloso,
neutro, prudente nos juízos, conseguindo-o à custa da
repetição de fórmulas inócuas: "c’est
grave",
"c'est
excessivement grave".
Era grande entendedor de vinhos, uma autoridade no whist
e um bom barítono. Ao confiar no trabalho (?) deste
embaixador ("ministro"), a Finlândia revela, afinal, um
conhecimento razoável do carácter monótono e vazio da
vida pública portuguesa!....
Craft
> Representante da formação britânica, rico, culto e
boémio, denota um certo distanciamento e superioridade
relativamente ao meio social em que se insere. No
entanto, também ele não escapará à ação deletéria desse
meio. Colecionador de bricabraque, marcado pelo
diletantismo e pela ociosidade, regressa a Inglaterra,
onde "desgraçadamente
carrega de mais nos álcoois."
(p. 701).
Cruges
> "maestro,
pianista, com uma pontinha de génio",
moralmente são e tímido, é o representante do talento
artístico, que é incompreendido pela sociedade. Daí a
música "projectada" e sempre adiada.
Condessa de Gouvarinho
e
Raquel Cohen
> Representantes das mulheres malcasadas, sem educação
condigna, abandonadas espiritualmente à literatura
romântica e ao ócio, que cria nelas o gosto da evasão,
origem das aventuras extraconjugais. São sensuais e
provocantes.
Conde de Gouvarinho
> Ministro e par do reino, representa o político
incompetente.
Jacob Cohen
> Judeu banqueiro, é o representante da alta finança.
Maria Monforte
> É sensual e outra vítima da literatura romântica. É
uma desconhecida em Lisboa, mas causa sensação pela sua
beleza e pelo seu luxo. Pedro apaixona-se por esta
mulher, com quem se casa.
Foge com o napolitano Tancredo, levando consigo a filha
Maria Eduarda e abandonando o marido e o filho. Morto
Tancredo num duelo, leva uma vida dissipada e morre
quase na miséria.
Vilaça
> Tipifica o burguês típico e conservador. Era o
procurador honesto, fiel ao amo, calmo e que acreditava
no progresso.
Guimarães
> Democrata e simpatizante do comunismo, é ele o
desencadeador da tragédia ao ser o portador da carta que
provoca o reconhecimento.
Rufino
> Deputado por Monção, é símbolo da oratória
parlamentar, usando e abusando de uma retórica balofa e
oca, com uma mentalidade provinciana e retrógrada.
Obs:
1- As
páginas indicadas referem-se à obra de Eça de Queirós,
Os Maias (Episódios da Vida Romântica), Edição
Livros do Brasil, de acordo com a primeira edição
(1888). Lisboa
2- Ficha-síntese elaborada a partir da Introdução à
Leitura d’ Os Maias, de Carlos Reis, e de
Os Maias de Eça de Queirós, de Fernando
Egídio Reis e outros.
Joaquim Matias da Silva
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