A medida nova engloba as composições que se inserem na
corrente renascentista,
como sonetos, canções, odes, éclogas, elegias,
tercetos e sextinas, onde o
verso predominante é o decassilábico.
O tema fundamental dos poemas da medida nova
radica nos desconcertos observados no amor, na
ordem social e na felicidade pessoal. Por isso,
as linhas temáticas camonianas mais frequentes
são o amor, a mulher, a Natureza (a apreendida e
a sentida), a saudade, o tempo e a mudança, o
destino monstruoso e culpado e o desconcerto do
mundo.
Relativamente ao amor, por exemplo, Camões canta o amor
petrarquista, idealizado, espiritual, mas também o amor
carnal. Outras caraterísticas deste tipo de poesias são:
- maior profundidade de sentimentos expressos que passam
a refletir estados de alma contraditórios;
- valorização da vida terrena;
- exaltação da dignidade do homem, confiando-se no poder
da razão;
- introdução da mitologia;
- apresentação da Natureza como modelo para a vida e a
expressar o mundo interior do sujeito poético;
- estilo mais harmónico e elegante;
- a perfeição formal maior.
SONETO
O soneto é uma forma poética fixa, de origem
italiana (o
dolce stil nuovo),
introduzida em Portugal no século XVI por Sá de
Miranda. Pertence ao género lírico e apresenta
uma estrutura (externa) rígida: tem catorze
versos, geralmente decassilábicos, dispostos em
duas quadras e dois tercetos.
No que respeita à organização lógica (estrutura
interna), costuma apresentar-se em quatro
partes:
tese
(proposição ou tema apresentado por alguém que
será defendido se for objeto de contraposição),
desenvolvimento da tese,
confirmação da tese
e
conclusão ou chave de ouro.
Quanto à estrutura rimática, também obedece a
certas regras, sendo os esquemas mais frequentes
os a seguir apresentados: ABBA / ABBA/ CDC / DCD
e ABBA / ABBA/ CDE / CDE.
CANÇÃO
A canção é uma composição com um pensamento uno,
por vezes repetido em cada estrofe ou estância.
É de influência petrarquista ou clássica e
composta por estrofes extensas, nas quais o
Poeta desenvolve um tema de índole intimista,
geralmente amorosa. Essas estrofes longas são
preenchidas pelo mesmo número de versos
(decassílabos combinados com hexassílabos) que
mantêm regularmente um dado esquema rimático. A
última estrofe da composição, também designada
finda, é, porém, sempre mais curta, contendo uma
invocação dirigida à própria canção.
BRAGANÇA, António
(1981). Textos e
comentários, c/
adaptações.