O desfecho é
forte, de forma a impressionar o auditório e
a levá-lo a pôr em prática os ensinamentos do
pregador. O tom majestático inerente ao epílogo
está ao serviço de uma constatação
indesmentível: as últimas palavras são as que a
memória dos ouvintes mais retém.
Nesta parte
final, são feitos apelos e incitamentos aos
peixes (por extensão, aos homens), aproveitando
o orador para, mais uma vez, ironicamente,
sobrevalorizar os peixes, colocando-os numa
posição de superioridade, relativamente à dos
outros animais e até à do próprio pregador.
SUPERIORIDADE dos peixes,
relativamente a todos os outros
animais. Com efeito, são
seres privilegiados, porque:
não foram escolhidos para os sacrifícios.
E isso não poderia acontecer, porque só poderiam
ir mortos, contrariamente aos outros animais que
eram transportados vivos e, depois, imolados.
Ora, Deus não quer que Lhe ofereçam coisa morta.
Os homens
também chegam mortos ao altar porque vão em
pecado mortal. Assim, Deus não os quer.
Os peixes guardam respeito e a obediência a
Deus.
Os homens não
o fazem.
SUPERIORIDADE
dos peixes, em relação ao pregador
A sua bruteza é melhor do que a razão do
orador.
Não ofendem a Deus com a memória.
O seu instinto é melhor que o livre arbítrio
do orador: não falam, não ofendem a Deus com o
pensamento, não ofendem a Deus com a vontade,
atingem sempre o fim para que Deus os criou.
LOUVORES A DEUS
Os peixes
devem louvar a Deus, pois Ele:
Criou-os em grande número.
Distinguiu-os em inúmeras espécies.
Concedeu-lhes enorme beleza.
Equipou-os com todos os instrumentos necessários
à vida.
Deu-lhes um elemento tão largo e tão puro - a
água.
Viveu entre eles e escolheu para apóstolos
aqueles que com eles e deles viviam -
pescadores.
Fez deles o sustento do homem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O
hino Benedicite
encerra o Sermão num tom festivo, cumprindo
adequada e fielmente com o objectivo de comemorar Santo António, cuja festa se
celebrava nesse mesmo dia.
A palavra
Ámen,
que significa "Assim
seja", "que todos louvem a Deus",
serve de incentivo a todo o auditório.
O quiasmo,
consubstanciado na colocação das
palavras "Glória" e
"Graça",
em ordem invertida, sugere a transposição
dos peixes para os homens, acentuando o carácter
alegórico do texto: já que os peixes não
são capazes de nenhuma dessas virtudes, sejam-no
os homens. Traduz também uma mudança: a
conversão
(metanóia),
porque só em "Graça"
os homens podem dar "Glória"
a Deus.
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de poemas e estudos integrais de todas as obras e
autores que fazem parte dos programas de
Português e de Literatura Portuguesa dos 9.º ao
12.º anos de escolaridade.