O da Mensagem é o de superar o carácter obsessivo e nacional d’Os Lusíadas no imaginário mítico-poético nacional. Os conquistaram o título de “evangelho nacional” e foram elevados à categoria de símbolo . A Mensagem logo no seu título aponta para um novo , num sentido místico, ideia de missão e de vocação . O próprio título indicia uma , uma iniciação.
Pessoa previa para breve o aparecimento do “” que anunciará o “Supra-Portugal de amanhã”, a “busca de uma Índia Nova”, o tal “porto sempre por achar”.
A Mensagem entrelaça-se, através de um complexo processo intertextual, com Os Lusíadas, que por sua vez são já um reflexo intertextual da Eneida e da Odisseia. Estabelece-se portanto um diálogo que perpassa múltiplos tempos históricos. Pessoa transforma-se num que edifica uma obra nova, com modernidade, mas também com a herança da memória.
Em Camões e esperança estão no mesmo plano. Em Pessoa, o objecto da esperança transferiu-se para o , daí a diferente concepção de heroísmo.
Pessoa identifica-se com os heróis da Mensagem ou neles se desdobra num processo lírico-dramático. O amor da pátria converte-se numa atitude metafísica, definível pela decepção do real, por uma consciente. Revivendo a fé no Império, Pessoa reinventou um razão de ser, um destino para fugir a um quotidiano absurdo.
O assunto da Mensagem é a essência de Portugal e a sua por cumprir. Portugal é reduzido a um pensamento que descarna e espectraliza as personagens da história nacional.
A Mensagem é o sonho de um sem fronteiras nem ocaso. A real é metamorfoseada na busca do “porto sempre por achar”.

Paula Cruz, "Documentos", disponível em

http://paulacruz.com/bin/documentos/Amensagem.doc, consultado em 08-01-07, 22:27.